Durante mais de vinte anos o Brasil teve a polarização marcada por dois espectros claros em cada eleição presidencial, na eleição de 1989 a força dos grandes partidos foi posta a prova, e o PMDB (atual MDB) ficou de fora do segundo turno, vendo um nanico PRN e o então emergente Partido dos Trabalhadores disputarem a presidência num segundo turno marcado por escândalos e pouca discussão do projeto de país.
Nas eleições seguintes, o PSDB e o PT foram os grandes adversários no cenário nacional, tanto PMDB quanto PFL (hoje DEM), então partidos com estrutura muito forte nos municípios, ficaram com as vice nas chapas dos presidentes do PSDB e do PT, a exceção dos Mandatos de Lula que teve o PL com José de Alencar na vice, e depois o mesmo Alencar já no PRB (hoje Republicanos), e a visão de mundo desses dois partidos foram internalizadas na politica nacional, e assim durante vinte anos essa disputa de uma social democracia liberal, e um trabalhismo socialista ditaram o rumo das discussões de que país os brasileiros gostariam de ter.
Ao ter dois partidos com visões de mundo distintas, mas nem tão distintas assim, o Brasil teve sua visão de direita conservadora represada, muito por conta da ditadura militar cunhou algumas bandeiras do conservadorismo fazendo com que a sociedade pós-ditadura tivesse certa aversão aos pensamentos conservadores tão exacerbados no regime.
Mas os movimentos de 2013, que de inicio eram tipicamente progressistas no inicio, foram tomados de assalto por movimentos de direta criando uma forte pauta anticorrupção, e principalmente antipetista, culminaram com a eleição presidencial de 2014 mais apertada e no momento seguinte teve, após escândalos de corrupção, levando ao segundo impedimento presidencial em menos de 30 anos.
Então 2018 a direita conservadora após mais de 30 anos tem um representante que grita seus ideais e com um forte discurso anticorrupção é eleito em uma disputa com um partido nanico ate então PSL contra um PT já sob forte ataque, mas que ainda contando com a força da militância. Enfim a direita conservadora volta ao poder nacional e a claridade e o contraste das duas visões de mundo fica mais forte.
Mas as eleições municipais parecem indicar um novo caminho, ou pelo menos fogem um pouco dos extremos, talvez por conta da pandemia ou quem sabe por conta de um retorno as visões mais centrais. Os números de uma eleição pulverizada tem a marca principal de deixar os discursos das extremidades meio balançados no cenário nacional, abrindo um caminho por um discurso mais conciliador.
No quesito de aumento em números de prefeituras o DEM teve maior ganho saindo de 268 para 466, o PP sai de 495 para 685 aumentando em 190 seu numero de cidades governadas já o PSD avançou de 539 para 655 um ganho de 116 cidades, outro vencedor nessa corrida foi o Republicanos que vai governar 116 cidades a mais de 105 para 221 e agora cresce ainda mais a força de uma centro direita, que pode agregar ao país um discurso menos extremado e mais pragmático.
PT e PSDB que sempre foram protagonistas nas disputas encolheram nas cidades e agora terão que buscar estratégias diferentes para buscar um discurso mais próximo do que a população almeja como representantes, porem o PSDB teve um recuo menor e ainda tem a força de governar a soma de mais 34 milhões de brasileiros, porém a força concentrada em São Paulo deixa o partido menos nacional.
Já os partidos de Centro esquerda PSB e PDT apesar de perderem prefeituras, puderam se consolidar como partidos com um forte discurso antibolsarismo, e se colocando como opção ao lulapetismo, e assim tem um discurso mais próximo de adequação ao espectro do centro, as capitais e aproximação dos lideres de ambos os partidos colaboram com a possibilidade de uma agenda conjunta para 2022.
O MDB continua com a sua tradição de partido dos municípios, mas agora tem a força dos partidos de centro, o que faz com que seu peso numa eventual aliança em 2022 tenha um peso menor, já as legendas que andam em conjunto no congresso e têm pautas próximas PP, PSD, DEM e Republicanos ganham poder de negociação, porem resta saber se caminharão junto em 2022.
A população ainda esta dividida, o extremismo de ambos os lados ainda está forte, mas há um caminho pavimentado para as siglas de centro buscarem uma melhor alocação no congresso e principalmente em uma eventual chapa presidencial, os discursos e principalmente as ações dos prefeitos eleitos podem ajudar e muito os rumos dos partidos, que essas ações sejam basicamente democráticas e republicanas e que tragam melhoria para a população.